HISTÓRIA DA BANDEIRA
Durante toda sua história, o Brasil teve várias Bandeiras até que se concretizasse a atual. Confira todas elas:
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Bandeira Real
(1500 - 1521)
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Bandeira de Ordem de Cristo
(1332 - 1651)
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Bandeira de D. João III (1521 - 1616)
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Bandeira do Domínio Espanhol
(1616 - 1640)
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Bandeira da Restauração
(1640 - 1683)
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Bandeira do Principado do Brasil
(1645 - 1816)
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Bandeira de D. Pedro II, de Portugal
(1683 - 1706)
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Bandeira Real Século XVII
(1600 - 1700)
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Bandeira do Regime Constitucional
(1821- 1822)
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Bandeira Imperial do Brasil (1822 - 1889)
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Bandeira Provisória da República
(15 a 19 de Novembro 1889)
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Bandeira da República Federativa do Brasil
(19 de Novembro de 1889 até os dias atuais).
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A atual Bandeira Nacional foi adotada pelo decreto n.° 4, de 19 de novembro de 1889, quatro dias após a Proclamação da República (15 de novembro de 1889). Sua elaboração foi realizada por Raimundo Teixeira Mendes (positivista), Miguel Lemos (diretor do Apostolado Positivista do Brasil), Manuel Pereira Reis (astrônomo) e Décio Vilares (pintor).
A bandeira do Brasil é formada por um retângulo verde, onde está inserido um losango amarelo, cujo centro possui um circulo azul com estrelas brancas (atualmente 27) e com uma faixa branca, que contém a frase: “Ordem e Progresso”. Cada elemento da bandeira possui um significado:
Verde: simboliza a pujança das matas brasileiras;
Amarelo: representa as riquezas minerais do solo;
Azul: o céu;
Branco: a paz;
Estrelas brancas: representa cada Estado brasileiro e o Distrito Federal; a frase “Ordem e Progresso”: influência de Augusto Comte, filósofo francês fundador do positivismo.
As estrelas na Bandeira Nacional estão distribuídas conforme o céu, na cidade do Rio de Janeiro, às 8 horas e 30 minutos do dia 15 de novembro de 1889, no qual a Constelação do Cruzeiro do Sul, se apresentava verticalmente, em relação ao horizonte da cidade do Rio de Janeiro. Entretanto, Raimundo Teixeira Mendes elaborou um desenho contrariando alguns aspectos da astronomia, priorizando a disposição estética das estrelas, e não a perfeição sideral.
A primeira versão da Bandeira era composta por 21 estrelas, que representavam os seguintes Estados: Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba do Norte (Paraíba), Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso, Município da Corte.
Posteriormente, foram inseridas novas estrelas, através das modificações da Lei n° 5.443, de 28 de maio de 1968, que permite atualizações no número de estrelas na Bandeira sempre que ocorrer a criação ou a extinção de algum Estado. Nesse sentido, seis estrelas foram inseridas para representar os Estados do Acre, Mato Grosso do Sul, Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins. Essas foram as únicas alterações na Bandeira do Brasil desde que ela foi adotada.
A Bandeira Nacional é um dos símbolos mais importantes do país, devendo ser hasteada em todos os órgãos públicos, escolas, secretarias de governo etc. Seu hasteamento deve ser feito pela manhã e a arriação no fim da tarde. A bandeira não pode ficar exposta durante a noite, a não ser que seja bastante iluminada.
INÍCIO DA REPÚBLICA
Governo Deodoro da Fonseca (1889-1891): aos 62 anos de idade, o marechal Deodoro da Fonseca foi o líder da insurreição que derrubou o chefe de governo do Império brasileiro a 15 de novembro de 1889 e resultou na proclamação da República. Assumiu também a chefia do governo provisório e foi nosso primeiro presidente, eleito indiretamente pelo Congresso Mais Presidência da República.
Início da República foi marcado crises políticas e econômicas.
A República foi proclamada no Brasil no dia 15 de novembro de 1889, pondo fim, então, a quase 70 anos de monarquia.
A questão republicana, que só ganhou mais espaço nos anos imediatamente anteriores à mudança de regime, teve grande relação com o tema do abolicionismo. A inclinação do imperador em direção ao fim da mão-de-obra escrava jogou os setores conservadores da sociedade, contrários à abolição, nos braços dos republicanos - adversários da monarquia. A República, portanto, nasceu com forte apoio conservador. Longe de ter um caráter popular e revolucionário, foi elitista e continuista em vários sentidos.
Deodoro da Fonseca, nosso primeiro presidente, não assumiu o cargo na condição de histórico defensor da República. Pelo contrário, mantinha boas relações com o regime monárquico e o imperador. Mas as circunstâncias o haviam feito entrar em atrito com o Império. Não por ser republicano, mas, sim, militar. E quando a República passou a ser vista como a única alternativa para a questão militar, então Deodoro, apoiado pelos republicanos (que buscavam aproximar-se de um líder de prestígio entre os militares), decidiu-se pelo novo regime.
Governo provisório
A Proclamação da República exigiu a reorganização do poder e da estrutura governamental, de modo a adequá-los àquele novo momento. Porém, os conflitos envolvendo o Exército não haviam desaparecido junto com o Império. E um fator novo apareceu: toda manifestação passou a ser acusada de conspiratória e de estar ligada à restauração da monarquia - mesmo as que não tivessem absolutamente esse intento. Foi assim que Deodoro começou a apontar suas armas para a imprensa, acusando jornais de fazerem propaganda anti-Republicana. A censura foi instituída, mostrando, então, a face autoritária do novo governo.
A mudança de regime também ocorreu num momento de crise econômica. Assim, as transformações políticas passaram a estar associadas à expectativa de solução dos problemas na economia. Rui Barbosa, primeiro ministro da Fazenda do período, lançou uma política econômica que ficaria conhecida como encilhamento. Essa política, de incentivo à emissão de papel moeda, a fim de equacionar a falta de dinheiro para pagar a massa de assalariados e, ao mesmo tempo, viabilizar o processo de industrialização, acabou levando o país a uma crise sem precedentes. Inflação, empresas quebradas, investidores falidos marcaram aquele momento.
Na esfera política, o presidente deu início aos preparativos para formular a primeira constituição republicana, com a formação do Congresso Nacional Constituinte, responsável por discutir e aprovar o projeto encaminhado pela comissão instituída pelo governo. O Congresso foi formado exatamente no primeiro aniversário da República, em 15 de novembro de 1890. Cerca de três meses depois, aprovou a nova constituição brasileira - a segunda de nossa história. No dia seguinte, 25 de fevereiro de 1891, Deodoro foi eleito e empossado presidente da República.
Eleição e renúncia de Deodoro
A confirmação do nome de Deodoro da Fonseca para presidente foi cercada de grande tensão. Com outros nomes de peso em jogo, como o do republicano histórico Prudente de Morais, temia-se que uma derrota do marechal pudesse levá-lo a dar um golpe de estado e mesmo a restaurar a monarquia, da qual ele não era ferrenho adversário.
O período constitucional do governo Deodoro, entretanto, durou apenas 9 meses, sendo interrompido pela renúncia do presidente, em meio a uma crise política e econômica. Na economia, os efeitos do encilhamento comprometeram seriamente os apoios ao governo. Na política, fatos novos ocorreram naquele meio-tempo.
Deodoro precisou escolher, nas províncias, quais grupos políticos iria apoiar. Os preteridos pelo presidente logo se colocaram na oposição. Em 1891, apoiaram Floriano Peixoto para a Presidência. Mas com a vitória de Deodoro, o marechal logo destituiu do poder as forças que lhe faziam oposição. No entanto, no Congresso Nacional a composição ainda era desfavorável. Ali Deodoro não tinha uma base sólida. Foi quando decidiu fechar o Congresso, em 3 de novembro de 1891. Vinte dias depois, pressionado pela Revolta da Armada, Deodoro da Fonseca renunciou, assumindo, em seu lugar, Floriano Peixoto.
Vice assume a Presidência
O governo de Floriano Peixoto não foi menos agitado que o de Deodoro, mas, em contraste com o anterior, o novo presidente conseguiu sufocar todos os focos de oposição - sendo, por isso, tido como o Consolidador da República. Segundo a Constituição de 1891, em caso de renúncia do presidente, antes de completados dois anos de mandato, novas eleições deveriam ser convocada pelo vice. Mas Floriano decidiu completar o quatriênio para o qual Deodoro havia sido eleito, o que provocou reações entre os militares. E a mais importante delas, sem dúvida, foi a segunda Revolta da Armada.
O novo presidente também destituiu todos os governadores que apoiavam Deodoro da Fonseca. Essa medida foi especialmente polêmica no Rio Grande do Sul, onde uma grave crise política se instalou em razão da disputa pelo poder naquela província. Mais tarde, esses grupos protagonizariam a chamada Revolta Federalista, movimento que também foi sufocado por Floriano Peixoto.
Seu governo, assim, completou o primeiro quatriênio da República brasileira. Período conturbado política e economicamente, que derrubou o primeiro presidente e valeu ao segundo a alcunha de Marechal de Ferro, pela maneira tenaz com que reprimiu todos os focos de oposição a seu governo. Em 1894, Floriano transmitiu o cargo a Prudente de Moraes, republicano histórico e primeiro presidente civil do novo regime.
Governo Floriano Peixoto (1891-1894): o marechal Floriano Peixoto foi o primeiro vice-presidente brasileiro a assumir o governo, após a renúncia de Deodoro da Fonseca. Floriano administrou em meio a movimentos rebeldes, como a Revolta da Armada e a Revolução Federalista, que enfrentou com determinação, ganhando por isso o apelido de ''Marechal de Ferro.
Floriano Vieira Peixoto nasceu no dia 30 de abril de 1839 em Maceió, Alagoas. Filho de lavradores pobres, foi criado pelo tio e padrinho, o coronel José Vieira de Araújo Peixoto. Cursou o primário em Maceió e a Escola Militar no Rio de Janeiro, para onde foi mandado aos 16 anos. Revelou distinção e bravura no exército, especialmente na Guerra do Paraguai, da qual participou até o desfecho, em Cerro Corá. Como lembrança, guardou a manta do cavalo de Solano Lopes.
Exercia o papel de ajudante general-de-campo, segundo posto abaixo do ministro do Exército, o visconde de Ouro Preto, quando teve início o movimento republicano em 1889. Recusou-se a fazer parte da conspiração, mas também não se dispôs a combater as tropas republicanas rebeladas.
Com a proclamação da República, ocupou o Ministério da Guerra, em 1890, e foi eleito vice-presidente de Deodoro da Fonseca no ano seguinte. Com a renúncia de Fonseca, assumiu a presidência e governou no regime que ficou conhecido como "mão de ferro" até o final do mandato, em 1894. Venceu um período conturbado por movimentos rebeldes, entre eles a Revolta da Armada, no Rio de Janeiro, e a Revolução Federalista, que começou no Rio Grande do Sul e tinha como objetivo destituir Peixoto do poder. Neste movimento, o conflito aconteceu entre republicanos de orientação positivista e liberais, liderados por Silveira Martins, político de destaque durante o Império.
Em sua homenagem o governador catarinense Hercílio Luz decretou a mudança de nome da capital, de Desterro para Florianópolis em 10 de outubro de 1894. Abandonou a carreira política assim que deixou o cargo de presidente. Morreu em Divisa, hoje distrito de Floriano, no município de Barra Mansa, Rio de Janeiro, em 26 de junho de 1895.
Presidente enfrenta Canudos - O primeiro presidente civil
O paulista Prudente de Morais foi o primeiro presidente civil da Primeira República. Sua eleição encerra o período dos governos provisórios dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto e marca o início do predomínio da oligarquia cafeicultora no poder.
Prudente de Morais, porém, assumiu o governo federal num momento em que o país atravessava uma grave crise econômica e um conflito político envolvendo divergências de interesse entre as duas principais facções republicanas: os radicais florianistas e a oligarquia cafeeira. Prudente de Morais pacificou o estado do Rio Grande do Sul e venceu a Guerra de Canudos, essas vitórias fortaleceram seu o governo e seu mandato.
Crise econômica
No final do século 19, a economia brasileira continuava sendo predominante agrária. O Brasil era basicamente um país exportador de matérias primas e produtos agrícolas (café, algodão, borracha, etc.). O café era o principal produto de exportação, responsável pela geração de grande fonte de renda e divisas.
Porém, anualmente os preços do café vinham despencando devido à concorrência internacional, enquanto a produção interna aumentava. Mas os cafeicultores não eram prejudicados, porque eram protegidos e amparados economicamente pelo governo federal.
A industrialização ainda era muito incipiente. O governo se esforçava para estimular a expansão industrial através da concessão de financiamentos para a importação de maquinário, e criação de taxas alfandegárias que dificultavam a entrada de produtos manufaturados estrangeiros que pudessem concorrer com os produtos similares produzidos no país.
Ricos e pobres
As oligarquias agrárias de modo geral, mas principalmente os cafeicultores, não concordavam com a política governamental de incentivo à industrialização, pois queriam que os recursos empregados fossem canalizados exclusivamente para o setor rural e para produção agrícola voltada para exportação.
A grave crise econômica prejudicava as camadas populares urbanas e rurais. A inflação crescia e o dinheiro se desvalorizada rapidamente. O reajuste dos salários nunca acompanhava o aumento do custo de vida, e isso fazia com que o poder aquisitivo e, consequentemente, a condição de vida da classe trabalhadora piorasse.
Crise política
Os militares e a oligarquia cafeicultora foram os principais promotores da Proclamação da República. Porém, os dois grupos não compartilhavam dos mesmos ideais políticos, pois os militares desejavam a instalação de um regime republicano centralizado, enquanto os cafeicultores defendiam um regime republicano federativo, onde os Estados fossem econômica e administrativamente autônomos para serem controlados de acordo com seus interesses locais.
O conflito político entre os militares e a oligarquia cafeicultora ameaçou seriamente o governo de Prudente de Morais. O presidente porém, foi hábil e cauteloso na resolução das divergências, ao implementar uma política de pacificação e unificação das diversas correntes republicanas.
E, na tentativa de apaziguar os militares, aceitou a indicação de homens de confiança do marechal Floriano Peixoto para cargos importantes em seu governo. No final do seu mandato, Prudente de Morais conseguiu reverter a situação de crise política, neutralizar a oposição e consolidar os interesses da oligarquia cafeicultora.
Reação da oligarquia cafeicultora
Em meio a crise política e econômica, Prudente de Morais pôs fim à Revolução Federalista que ocorria no estado do Rio Grande do Sul. Apesar de os rebelados terem sido fortemente reprimidos no governo de Floriano Peixoto, eles continuavam a lutar. Com o fim da revolta, Prudente de Morais se fortaleceu politicamente.
Não obstante, veio a adoecer e precisou ser afastado da presidência. Assumiu o vice-presidente, Manuel Vitorino, que era um representante da ala radical florianista. A crise econômica se agravara, e as medidas adotadas pela gestão de Vitorino para solucioná-la aprofundaram o conflito entre a oligarquia cafeicultora e os florianistas.
Guerra de Canudos
Pouco antes de Vitorino assumir a presidência, a Guerra de Canudos havia começado, mas as três primeiras campanhas militares enviadas fracassaram. O governo federal sofreu um desgaste político em razão dos insucessos militares em Canudos. Prudente de Morais se restabeleceu, e reassumiu a presidência justamente neste momento, e organizou a grande campanha militar venceu a guerra com a destruição do contestado de Canudos.
Prudente de Morais sofreu um atentado quando estava passando em revista as tropas vitoriosas em Canudos. Um suboficial do exército disparou um tiro no presidente, mas quem foi atingido mortalmente pela bala foi o ministro da Guerra, marechal Bittencourt. O atentado fracassou, porém, deu condições para que o presidente decretasse o "estado de sítio", permitindo que suspendesse os direitos constitucionais e governasse com amplos poderes.
Com esse dispositivo, Prudente de Morais neutralizou a oposição política e assegurou o predomínio dos interesses da oligarquia cafeicultora no plano da política nacional. Prudente de Morais conseguiu ainda que seu sucessor fosse eleito, o paulista Campos Salles.
Elitismo republicano
A atitude do governo de Prudente de Morais diante das duas revoltas sociais que ocorreram no período, deixariam evidente a face elitista da República oligárquica. Com a elite rebelde gaúcha, o governo negociou o fim da Revolução Federalista e anistiou os envolvidos. Na Guerra de Canudos, ao contrário, cometeu um dos maiores massacres da história, republicana ao reprimir com violência a população pobre.
Neste conflito armado, as tropas militares governamentais não fizeram prisioneiros, pois os soldados eliminaram milhares de sertanejos. Os governantes da Primeira República que sucederam Prudentes de Morais adotariam o mesmo padrão de conduta diante dos movimentos sociais de caráter popular.
Governo Prudente de Morais (1894-1898): o paulista Prudente de Morais foi o primeiro civil a assumir a presidência da República. Em seu governo ocorreu um dos mais célebres episódios militares da história do país: a Guerra de Canudos. Por agir com cautela em relação ao arraial de Antônio Conselheiro, acabou sendo apelidado de "Prudente Demais" por seus opositores.
Neste conflito armado, as tropas militares governamentais não fizeram prisioneiros, pois os soldados eliminaram milhares de sertanejos. Os governantes da Primeira República que sucederam Prudentes de Morais adotariam o mesmo padrão de conduta diante dos movimentos sociais de caráter popular.
O ex-governador Manuel Ferraz de Campos Sales substituiu Prudente de Moraes na presidência da República. Seu governo consolidou os interesses das oligarquias rurais, sobretudo dos cafeicultores paulistas.
Quando assumiu o governo federal, Campos Sales herdou uma grave crise econômica que prejudicava o país. A inflação atingia níveis insuportáveis, a moeda brasileira se desvalorizava a cada dia, enquanto nosso principal produto de exportação, o café, atravessava uma fase de Campos Sales (à frente, de cartola) em visita a Buenos Aires superprodução interna e baixos preços no mercado mundial.
A política econômica de Campos Sales
O enfrentamento da crise econômica foi o alvo principal das medidas do governo de Campos Sales. Começou com a renegociação da dívida externa do país, com os credores ingleses. Os banqueiros britânicos fizeram um novo acordo financeiro com o Brasil chamado de funding loan.
Por esse acordo, os banqueiros fizeram um vultoso empréstimo de cerca de 10 milhões de libras ao Brasil e aceitaram uma moratória, isto é, a suspensão temporária do pagamento dos juros e da dívida externa. Como garantia do acordo, os banqueiros fizeram algumas exigências ao governo brasileiro, que as aceitou.
Essas garantias determinavam que, se o acordo não fosse honrado pelo governo brasileiro, os credores ingleses tinham direito a toda a renda das alfândegas do Rio de Janeiro e de outros Estados caso fosse necessário, às receitas da Estrada de Ferro Central do Brasil e do serviço de abastecimento de água do Rio de Janeiro.
Os credores exigiram também que o governo brasileiro combatesse a inflação e adotasse medidas no sentido de valorização da moeda nacional. O ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho se encarregou dessa política econômica. Reduziu drasticamente as despesas do governo, ao suspender a construção de obras públicas e investimentos no setor industrial, além de aumentar e criar novos impostos. Os salários dos trabalhadores também tiveram de ser drasticamente contidos.
Defesa dos interesses agrários
Ao adotar todas essas medidas econômicas, Campos Sales pretendia que o país se especializasse como produtor e exportador de mercadorias agrícolas: café, borracha, algodão, minério, cacau, erva-mate etc. Era a defesa da tese de que a vocação do Brasil era ser um país agro-exportador. Essa idéia agradava as grandes potências industriais que tinham a oportunidade de continuar a vender ao Brasil produtos manufaturados.
A política econômica posta em prática pelo ministro Joaquim Murtinho, gerou enormes problemas sociais, pois a indústria parou de crescer e, com isso, o desemprego aumentou, enquanto o custo de vida tornou-se insuportável para a população de assalariados. Contudo, o compromisso do governo de Campos Sales era com as elites dominantes do país.
Estabilidade política
Mas, mesmo sendo um representante da elite mais influente do país, ou seja, os cafeicultores paulistas, foi necessário ao presidente Campos Sales adotar algumas medidas políticas para assegurar esses interesses. Foi com esse objetivo que se criou a chamada Política dos Governadores, por meio da qual foi possível obter a estabilidade política.
Antes disso, esta era permanentemente comprometida em razão da existência de divergências de interesses entre as oligarquias agrárias e do sistema federativo republicano vigente. Campos Sales saiu-se vitorioso neste empreendimento, e ainda conseguiu que o candidato por ele indicado para sucedê-lo no governo, o paulista Rodrigues Alves, vencesse as eleições presidenciais.
Revolta da Vacina e Acre
Governo Rodrigues Alves (1902-1906): Rodrigues Alves foi um presidente da República que não teve muita sorte com os assuntos relacionados à saúde. Em seu governo, ao promover uma campanha de vacinação contra a varíola, enfrentou a revolta da população do Rio de Janeiro. Pior: morreu de gripe espanhola, não podendo assumir a presidência após sua reeleição
Francisco de Paula Rodrigues Alves venceu as eleições presidenciais com o apoio de Campos Sales e dos Partidos Republicanos Paulista e Mineiro. Grande proprietário de terras paulista e ex-ministro da Fazenda do governo de Prudente de Moraes, Rodrigues Alves foi eleito com respaldo da aliança política entre as oligarquias agrárias de São Paulo e Minas Gerais, selada pelo acordo da Política dos Governadores.
O governo de Rodrigues Alves foi beneficiado por uma fase de razoável estabilidade econômica. O "boom" da exportação de borracha da Amazônia e a possibilidade de contar com capitais estrangeiros fez com que o presidente adotasse uma política de modernização, voltada para a reurbanização de áreas e locais públicos que se encontravam em situação de degradação. A capital do país, a cidade do Rio de Janeiro, foi o alvo principal desse projeto modernizador.
Projeto modernizador do Rio de Janeiro
Na época, o Rio de Janeiro era uma área urbana decadente. O acúmulo de lixo e a sujeira nas ruas nas zonas periféricas e centrais atraía insetos e ratos que transmitiam doenças fatais como a febre-amarela, a varíola e a peste bubônica, resultando na morte de milhares de pessoas anualmente. As vielas, os becos e as ruas mal iluminadas tornavam a cidade desolada e bastante perigosa durante a noite.
Foi preciso, então, sanear a cidade a partir da realização de obras públicas, limpeza e combate às doenças. O objetivo almejado pelo governo de modernização urbana da capital federal recebeu amplo apoio e respaldo do prefeito da cidade, Pereira Passos. Mas a forma como foi realizada gerou revolta e protestos populares, abrindo a primeira crise política do governo de Rodrigues Alves.
A reconstrução, limpeza e o embelezamento da cidade foram feita às custas das camadas pobres da população. Efetuando desapropriações desordenadas, as habitações populares (casebres e cortiços) foram postas abaixo para o alargamento das ruas, avenidas e construções de praças públicas.
Os pobres foram expulsos para os morros e áreas periféricas da cidade, dando origem às favelas que existem até hoje. A valorização das novas áreas gerou uma grande especulação imobiliária, prejudicando também as camadas sociais de classe média.
A Revolta da Vacina
Mas foi o problema da saúde pública que desencadeou revoltas populares que, por sua vez, geraram uma grave crise política. O combate às doenças foi liderado pelo médico sanitarista Osvaldo Cruz. Estudioso das doenças tropicais, Osvaldo Cruz conseguiu que o governo decretasse a Lei da Vacina Obrigatória, que forçava toda a população a se vacinar para proteger-se das doenças epidêmicas.
Os agentes de saúde pública efetuavam despejos e agressões para obrigar os populares a tomarem vacina. O povo, revoltado, foi para as ruas e enfrentou a polícia num movimento que ficou conhecido como a Revolta da Vacina.
Aproveitando-se da insatisfação popular, alguns militares florianistas, opositores de Rodrigues Alves, tentaram derrubá-lo do governo através de um golpe, liderado por Lauro Sodré. Contudo, o governo reagiu rapidamente, decretando estado de sítio. Em seguida, organizou tropas militares de São Paulo e Minas Gerais e perseguiu e reprimiu todos os revoltosos.
A anexação do Acre
Na época do governo de Rodrigues Alves, o Acre era uma província da Bolívia, embora habitado por nordestinos que imigraram para a região, devido à seca e o aumento da produção da borracha. O Brasil passou então a reivindicar o território do Acre.
Em 1903, chegou-se a uma solução com o governo boliviano, com a assinatura do Tratado de Petrópolis. O governo brasileiro pagou 2 milhões de libras esterlinas pelo Acre e se comprometeu a construir a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Essa ferrovia daria à Bolívia uma saída para o Oceano Atlântico.
O Convênio de Taubaté
O governo de Rodrigues Alves inaugurou a "política de valorização do café". Idealizada pelos cafeicultores de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, seu objetivo era solucionar o problema da superprodução do café num momento em que os preços do produto no mercado mundial estavam em queda.
Para se livrarem dos prejuízos financeiros, os cafeicultores reunidos no Convênio determinaram que o governo comprasse e estocasse os excedentes, ou seja, todo o café que não fosse vendido. O café adquirido pelo governo seria depois vendido num momento mais favorável.
Contudo, mesmo sendo um governo representante dos interesses das oligarquias cafeicultoras mais influentes, Rodrigues Alves discordou das decisões firmadas no Convênio de Taubaté, argumentando que elas prejudicavam o país. Mesmo assim, no último ano do governo de Rodrigues Alves, a política de valorização do café foi posta em prática, e reforçada por seu sucessor, Afonso Pena.
Crise na sucessão
Governo Afonso Pena (1906-1909): o mineiro Afonso Pena tinha ampla experiência política ao chegar à presidência da República em 1906. Durante o Império, foi deputado provincial e assumiu três ministérios. Foi ele quem promulgou a lei que transferiu a capital mineira de Ouro Preto para o local onde foi construída a cidade planejada de Belo Horizonte.
Afonso Augusto Moreira Penna sucedeu Rodrigues Alves na presidência da República. Sua candidatura foi uma indicação do Partido Republicano Mineiro. Afonso Penna, porém, faleceu antes de terminar seu mandato e foi substituído pelo vice-presidente, Nilo Peçanha.
O governo de Afonso Penna teve marcos importantes, tais como a implantação da política de valorização do café, a participação do Brasil na segunda Conferência de Paz, em Haia, e a organização da Exposição Nacional comemorativa do centenário da abertura dos portos.
A política de valorização do café
O Convênio de Taubaté - acordo firmado entre os cafeicultores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, no final do governo de Rodrigues Alves -, estabelecia que o Governo federal deveria comprar toda a safra de café produzida, armazená-la, e depois vendê-la quando os preços no mercado mundial estivessem mais favoráveis.
Essa política foi muito criticada, pois significava claramente o uso de recursos públicos para livrar de prejuízos os produtores de café. Contudo, tendo em vista que as oligarquias cafeicultoras tinham pleno controle do aparelho estatal, empregavam os recursos públicos como bem lhes conviesse. No governo de Afonso Penna, a política de valorização do café foi aplicada conforme o previsto.
Sua principal consequência foi aumentar a dependência financeira do Brasil em relação à Inglaterra, devido à necessidade de obter vultosos empréstimos dos banqueiros ingleses para serem empregados nas operações de compra das enormes safras de café.
A Conferência de Haia e a Exposição Nacional
Em 1907, o Brasil participou da segunda Conferência de Paz, em Haia, nos Países Baixos. O governo brasileiro enviou como representante, o renomado advogado e político, Rui Barbosa. Admirado por ser um grande orador, Rui Barbosa defendeu os interesses das nações exploradas, e seu discurso na Conferência lhe valeu o título de "Águia de Haia".
Em 1908, o governo brasileiro organizou um evento para comemorar o centenário da abertura dos portos, a Exposição Nacional. Realizada na Praia Vermelha, o evento expôs diversos produtos fabricados no Brasil, atraindo cerca de 1 milhão de visitantes.
Nilo Peçanha
Afonso Penna faleceu antes do término do mandato. Foi substituído pelo vice-presidente, Nilo Peçanha. Embora tenha governado o país pelo breve período de um ano, na gestão de Nilo Peçanha foram criados o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, e o Serviço de Proteção ao Índio, presidido pelo marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
A criação do novo ministério, foi um claro sinal da necessidade do governo de regulamentar as atividades produtivas. Enquanto a criação de um órgão federal de proteção aos índios, demonstrou a preocupação do governo com as comunidades e povos tradicionais que corriam o risco de serem dizimados pelo avanço da ocupação e povoamento das regiões das florestas e matas no interior do país.
A crise da sucessão
Ao se aproximar do término do mandato, a sucessão de Nilo Peçanha abriu a primeira crise política entre os dois principais Estados da federação que haviam conquistado a hegemonia nacional. A disputa pela indicação do candidato à presidência da República levou São Paulo e Minas Gerais a romperem relações firmadas no acordo oficial da política do "café-com-leite".
Uma parcela da oligarquia paulista, apoiada pelo Estado da Bahia, lançou a candidatura de Rui Barbosa. Enquanto Minhas Gerias aliou-se ao Rio Grande do Sul lançando o marechal Hermes da Fonseca.
A disputa eleitoral
O fato de a sucessão presidencial contrapor os dois mais influentes e poderosos Estados brasileiros tornou a disputa eleitoral acirrada e competitiva, possibilitando igual chance de vitória dos candidatos. A campanha de Rui Barbosa ficou conhecida como a Campanha Civilista.
Em seus discursos, defendia reformas políticas ousadas como a moralização do processo eleitoral (que era permanentemente corrompido por fraudes) e o antimilitarismo, que ainda ameaçava os governos civis. Rui Barbosa obteve grande apoio nos centros urbanos e da classe média.
O marechal Hermes da Fonseca, por outro lado, fez uma campanha conservadora e por conta disso obteve apoio das oligarquias tradicionais, temerosas dos ideais reformistas do candidato concorrente. A disputa eleitoral foi bastante apertada, mas quem se saiu vitorioso foi o marechal Hermes da Fonseca. Sua vitória colocou novamente um militar no comando do governo federal.